quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Relato de Adão


Uma Poesia de Roberto Celestino




Como posso me esquecer

Do dia em que fui criado

Vendo O Criador ao meu lado

Com amor a me olhar?

Eu ainda não entendia

O que em minha volta eu via

Mas logo fui percebendo

O que tinha acontecido.

Naquele momento eu acordava

Sem ainda ter dormido

Eu era um recém chegado

No mundo do meu Senhor

O Supremo Criador

Deu-me vida naquele instante

E me pôs por governante

Sobre tudo o que criou.

Depois me presenteou

Com minha companheira amada.

Não consigo descrever

O que de fato senti

No momento em que a vi

Diante de mim naquele dia

O meu ser se confundia

Em um turbilhão de emoções

Fui invadido por sensações

Que me deixavam elevado

Depois de estar ao seu lado

Descobri que era amor.

A nós tudo era permitido

Comer naquele jardim

Só um fruto foi proibido

Para Eva e para mim.

Mas tudo era perfeito

Na mais perfeita harmonia

Até chegar aquele dia

Que nunca vou me esquecer

Quando Eva deu ouvidos

Aquele anjo caído

Travestido de serpente

Que pra infelicidade da gente

Á Eva logo iludiu

Dizendo que Deus havia mentido

Pois o fruto proibido

Poderia nos tornar

Semelhantes ao Altíssimo

Como se O Senhor Santíssimo

A nos pudesse se comparar.

Eva ficou muita tentada

Não conseguiu se conter

Enquanto eu me aproximava

Nada mais pude fazer

Ainda pude até gritar

Mas não conseguir evitar

Que do fruto ela fosse comer.

Lembrei-me das Palavras

Ditas pelo Criador

Que se do fruto comêssemos

Certamente íamos morrer

Eva eu iria perder

Pois esta morta seria

Lembrei-me então dos dias

Antes dela ser criada

Minha vida era vazia

Por não ter a minha amada

Me perturbei em confusão

Então lhes estendi a mão

E aceitei também comer

Seria melhor morrer com ela

Do que sem ela viver.

A serpente que ali estava

Parecia se transformar

Pois já não apresentava

O brilho no seu olhar

Daquele olhar seco e sem vida

Gargalhadas foram irrompidas

E se pôs de nós a zombar

“Vocês são uns fracassados.

Com o seu Deus falharam

Não fizeram Sua vontade

Pois facilmente me escutaram

Perderam a autoridade

Para a terra dominar

Pois a mim a entregaram”.

Depois que comemos do fruto

Senti pela primeira vez

O que era a vergonha

Vi em nossos corpos a nudez

E uma dor tamanha

Apoderava-se de mim

Em saber que era assim

Que O Senhor ia nos ver

Tentamos logo nos esconder

Entre as plantas do jardim

O Senhor chamou por mim

Eu senti um calafrio

Na verdade nem sabia

Se aquilo que sentia

Era calor ou frio

Mas o temor se apoderava

E a tristeza me dominou

Ao perceber que O Senhor

Tinha a voz entristecida

Já não era parecida

Com a que eu conhecia

Quando com Ele eu saía

Pelos campos a passear

Sua voz me envolvia

De paz e felicidade

Pois via eu na verdade

O quanto Ele me amava.

Em um tom triste abalado

Perguntou-me: Onde estás?

Segurar não pude mais

E respondi: Aqui Senhor

Estava nu e me escondi

Quando Tua voz ouvi

Estou muito amedrontado.

Tentei me defender

Disse ter sido induzido

Por Eva ter me dado do fruto

E deste eu ter comido

Eva também se defendeu

E disse que só comeu

Por a serpente a ter iludido.

Ali todos foram condenados

A serpente a comer pó e rastejar

E nós a viver separados

Do Jardim e do Senhor

Eva conheceu a dor no parto

E eu conheci a fadiga

Trabalhava duro pra comer

Tornou-se difícil nossa vida

Foi duro ouvir do Senhor

Que tudo que Ele formou

Estava agora amaldiçoado

Por um ato de desobediência

Do qual eu era o culpado.

Depois pude entender

Um pouco do que Deus Sentiu

Quando Ele nos perdeu

Quando do jardim nos baniu

Foi quando perdi meu filho

Que meu outro filho matou

Na verdade perdi os dois

Abel foi morto

E Caim nos deixou.

Oh, como dói estas lembranças

E que saudades me dão

Dos dias em que eu vivi

Na presença do meu Senhor

Dias de perfeita paz

Dias de perfeito amor

Onde eu não sabia o que era tristeza

Não conhecia o medo e a dor

Descansava nos braços do Pai

Era envolvido por seu amor

Ainda choro quando lembro

Do jeito que Ele me olhava

Estava claro nos seus olhos

O quanto ele me amava,

Mas meu choro é de tristeza

Quando lembro daqueles olhos

No dia em que pecamos

Abatidos e tristonhos

Ao perceber que os seus sonhos

Para nós se acabava.

Ainda resta-me a esperança

De um dia encontra-Lo

Pois estou arrependido

Por aquele terrível dia

E a minha alegria

Só será restabelecida

Quando eu estiver ao Seu lado.



Adão.



2 comentários:

  1. Muito legal a poesia! Deus te abençoe cada dia mais!

    "Estou participando da Campanha Siga e Seja Seguido da UBE blogs! Estou seguindo seu blog, siga o meu: http://vasoscheios.blogspot.com/"

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  2. Graça e Paz amada. Já estou seguindo seu blog, muito bom.

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